Sonho infantil
Uma criança inocente entra no senado. Admira-se com a disposição das cadeiras vazias, encanta-se com o amplo espaço, imagina-se discursando no palanque e orgulha-se de ser brasileira ao olhar para a flâmula erguida.
Seus olhos puros não conseguem ver a nuvem de corrupção que paira no local, os assentos manchados pela falta de integridade e as promessas não cumpridas grudadas na bandeira verde e amarela. Ela nem ao menos consegue sentir o cheiro de ganância que impregna no ar.
No Brasil, reclama-se muito dos governantes. São corruptos, faltam com a verdade, não cumprem as promessas, não mostram responsabilidade e respeito pelo povo em geral, enfim, são políticos. Mas esse é um país democrático, se os tais políticos estão no poder, é porque a maioria da população votou neles. Como uma criança dentro do senado, o povo não consegue ver nada além de formosura em época de eleições. Escuta os belos discursos, aceita as promissoras propostas de trabalho e ainda acha o candidato simpático ou até engraçado. Vai à urna, e, vota!
Só depois de alguns meses acorda de seu sonho. Abre os olhos e agora enxerga as ruas esburacadas, as crianças sem uma aula decente, a violência aumentando, seu dinheiro indo embora, seu candidato carismático ficando mais rico e um Brasil cada vez mais sem futuro. O que resta para o povo? Reclamar. Afinal, o senado já está marcado pela falta de compostura e caráter dos governantes brasileiros.
Agora, se essa criança crescer e lutar pelo Brasil que um dia sonhou, ser menos passiva e mais ativa, não concordar que o político corrupto degrida a imagem de seu país, ir as ruas, reivindicar seus direitos, votar conscientemente, exigir que as promessas sejam cumpridas e unir suas forças com seus coleguinhas da escola, agora crescidos e com opinião formada, o que restará para o povo? Um futuro promissor, um Brasil que todos sonham, em seu sonho infantil.
Por Melissa Lima
